Diversos estudos têm comprovado o imenso poder terapêutico das artes manuais na promoção da saúde mental. Uma pesquisa recente da Anglia Ruskin University, publicada na prestigiada revista científica Frontiers in Public Health, revela que pessoas que se dedicam regularmente a atividades artísticas e manuais relatam níveis significativamente mais altos de felicidade e satisfação com a vida, além de uma profunda sensação de que a vida vale a pena.
Especialistas em neurociência e bem-estar apontam que o fazer manual é uma ferramenta eficiente para manter o cérebro ativo e equilibrado, pois é capaz de reduzir o estresse e melhorar o humor, a cognição e a motivação. Tais efeitos estão associados à liberação de neurotransmissores como a dopamina, que proporciona a sensação de prazer e recompensa.
É neste contexto que o ambiente da Novelaria se destaca. Mais do que uma loja de fios, é um verdadeiro espaço de acolhimento e expressão, onde o fazer manual transcende o hobby e se transforma em um instrumento poderoso de bem-estar emocional, foco e conexão humana.
“Eu vejo o tricô e o crochê como uma terapia ocupacional intrínseca. O movimento repetitivo das agulhas obriga a mente a se concentrar no presente – o que chamamos de atenção plena ou mindfulness. Isso interrompe o ciclo vicioso de pensamentos ansiosos e de ruminação sobre o passado ou o futuro, oferecendo um espaço seguro e tangível de cura e reorganização emocional”, diz Aida Fonseca, psicóloga e proprietária da Novelaria.
Histórias que inspiram
Entre os fios e as linhas da Novelaria, histórias de superação, resistência e afeto se entrelaçam em peças únicas. Uma delas é a de Deborah Balazs da Costa Faria, de 69 anos, que encontrou no tricô e no crochê uma âncora para reconstruir seu equilíbrio emocional após um trauma profundo.
Em 2001, durante uma viagem a Jerusalém para o casamento do irmão, Deborah sobreviveu a um atentado terrorista que tirou a vida de seu pai e a deixou com queimaduras e marcas físicas e emocionais. O episódio desencadeou um quadro de síndrome do pânico, que a impedia de sair de casa.
O reencontro com o mundo começou de forma delicada, com um presente das filhas: uma aula na Novelaria. Aos poucos, as agulhas se tornaram um convite irrecusável à calma e à superação. “Foi uma forma de eu começar a sair de casa novamente. Lá na Novelaria, eu conheci pessoas, fiz amizades, ri, conversei. Isso me fez muito bem,” conta Deborah.
O ato repetitivo de tricotar, explica ela, transformou-se em algo mais profundo – uma espécie de meditação ativa. É uma atividade que exige foco e paciência, mas que, ao mesmo tempo, acalma a mente e desperta o prazer de criar.
Hoje, Deborah é uma das presenças mais queridas nas aulas, defendendo com entusiasmo o poder transformador das artes manuais. “É um jeito de acalmar, de pensar nos problemas de forma mais leve. E ainda tem o prazer de ver uma peça pronta, algo que começou nas suas mãos,” afirma.
E a força terapêutica do fazer manual se reflete em diversas experiências. É o caso de Maria Cecília, de 63 anos, que encontrou no crochê uma maneira de reabilitação motora após um AVC. “Tive AVC e perdi um pouco da mobilidade nas mãos. Fazendo crochê, eu sinto que minha mão começou a melhorar,” relata.
Mais do que exercitar a coordenação motora fina, o crochê trouxe calma e bem-estar emocional. “Não tinha nenhum problema de ansiedade, mas percebo que é uma coisa muito tranquila, que acalma,” completa Maria Cecília.
Já Mariana Miranda, 32 anos, buscou o crochê influenciada pela mãe, em um momento de alta ansiedade devido à busca por emprego. Ela encontrou nas aulas uma forma eficaz de lidar com a pressão. “É uma atividade que exige atenção plena, então você fica focada no momento presente, não no que está acontecendo fora. Isso me ajudou a ficar menos ansiosa, mais focada e menos estressada,” explica Mari.
Ela compara carinhosamente as aulas a um tratamento de saúde mental. “Brinco que faço duas terapias: uma com minha psicóloga e outra com o crochê. Relaxo enquanto faço, penso na peça, na pessoa que vai receber ou em mim mesma. Sempre descubro novos pontos e formas de fazer, e isso é muito bom,” conclui.
Para Deborah, Maria Cecília e Mari, o tricô, o crochê e o bordado na Novelaria vão muito além da simples confecção. Eles transformam vidas, promovem bem-estar emocional e fortalecem laços de comunidade e afeto. A experiência mostra que, entre fios e linhas, é possível reconstruir histórias, exercitar a mente e tecer a própria felicidade, um ponto de cada vez.
Sobre a Novelaria: Único knit café (espaço para vendas de lãs aliado a um café) do Brasil, a Novelaria é uma loja exclusiva e altamente especializada em agulhas, lãs e fios para diversos tipos de artes manuais, como tricô, crochê, bordado, macramê e corte e costura. Criada em 2011, a Novelaria conta com duas unidades em São Paulo: Vila Madalena e Moema, e é o espaço perfeito para se ter um experiência única: aprender as artes manuais (pois oferece diversos cursos com professores altamente especializados, além de confortáveis poltronas e sofás espalhados pelo convidativo ambiente), comprar lãs e fios exclusivos e até tomar um delicioso café.



