A interdição judicial de idosos no Brasil é um tema relevante e sensível no âmbito do Direito, principalmente considerando a crescente longevidade da população e os desafios que isso apresenta para a proteção dos direitos e da dignidade dos idosos. Neste texto, abordarei o processo de interdição judicial, seus fundamentos legais, os requisitos necessários, os cuidados a serem observados e os direitos dos idosos durante esse processo. A interdição judicial é um procedimento previsto no Código Civil brasileiro, mais especificamente nos artigos 1.767 a 1.783.
Ela consiste na restrição ou na supressão da capacidade civil de uma pessoa que, por motivo de doença ou deficiência mental, não é capaz de exercer pessoalmente os atos da vida civil. No caso dos idosos, a interdição pode ser requerida quando estes se encontram em estado de incapacidade mental que os impeça de cuidar de seus próprios interesses e patrimônio.
O processo de interdição judicial inicia-se com um pedido formal feito por um familiar, cônjuge, companheiro ou representante legal do idoso. Esse pedido deve ser fundamentado em laudos médicos e psicológicos que atestem a incapacidade do idoso para a prática dos atos da vida civil.
É importante ressaltar que a interdição só pode ser decretada mediante decisão judicial, após análise criteriosa do juiz, que garantirá o direito ao contraditório e à ampla defesa ao idoso. Para que a interdição seja decretada, é necessário que o idoso seja avaliado por uma equipe multidisciplinar, composta por médicos, psicólogos, assistentes sociais e outros profissionais de saúde. Essa equipe será responsável por elaborar um parecer técnico que subsidiará a decisão do juiz. Além disso, é importante garantir que o idoso tenha um advogado devidamente constituído para defendê-lo durante todo o processo.
Durante o processo de interdição, é fundamental respeitar a dignidade e os direitos do idoso. Isso inclui garantir sua participação ativa sempre que possível, respeitar suas vontades e preferências, e assegurar que ele tenha acesso a todas as informações relacionadas ao processo.
Além disso, é importante evitar qualquer tipo de discriminação ou violência contra o idoso, garantindo-lhe o direito ao tratamento digno e respeitoso. Uma vez decretada a interdição, o idoso passará a ser representado por um curador, que será responsável por tomar decisões em seu nome, tanto no que diz respeito aos aspectos pessoais quanto aos patrimoniais.
É importante que o curador exerça suas funções com diligência, transparência e sempre em benefício do idoso, evitando conflitos de interesse e buscando sempre promover o bem-estar e a qualidade de vida do interditado. É importante destacar que a interdição não implica na perda da personalidade jurídica do idoso, ou seja, ele continua sendo titular de direitos e obrigações. Portanto, é fundamental que o curador atue de forma responsável, zelando pelo patrimônio do interditado e garantindo que seus direitos sejam devidamente respeitados. Por fim, é fundamental que a sociedade como um todo esteja atenta à questão da interdição judicial de idosos, buscando promover a conscientização sobre os direitos e a dignidade dessas pessoas.
É necessário combater o preconceito e a discriminação em relação aos idosos, garantindo-lhes o direito à autonomia, à liberdade e ao respeito. Somente assim poderemos construir uma sociedade mais justa e inclusiva para todas as faixas etárias.
Dr. Arthur Peralta
Sócio proprietário da Peralta Advogados, pós-graduado em Direito Empresarial pela Escola Paulista de Direito e em Planejamento Patrimonial Sucessório e Holding Familiar pela Escola Brasileira de pós graduação.
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