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Viajar na melhor idade: como garantir conforto, segurança e bem-estar para os idosos em movimento

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Viajar é uma das formas mais enriquecedoras de aproveitar a vida – e para a população com mais de 60 anos, esse momento tem ganhado ainda mais significado. Com mais tempo livre, disposição e desejo de viver novas experiências, os idosos estão redescobrindo o prazer de explorar o mundo. Conforme o escritório de consultoria IbraTur, cerca de 27 milhões de viagens por ano são realizadas por pessoas acima dos 60 anos só no Brasil. A tendência é clara: o turismo sênior está em crescimento.

No entanto, é importante lembrar que, para que esse período seja realmente prazeroso, a viagem necessita ser planejada com alguns cuidados específicos. E não estamos falando apenas de conforto físico, mas também de segurança emocional, rotina de medicações, alimentação e bem-estar geral.

Nova geração de idosos viajantes
A aposentadoria não representa mais um ponto final, mas sim uma nova fase de descobertas. Muitos idosos estão buscando vivências únicas, como viagens culturais, destinos com experiências sensoriais e até mesmo aventuras mais ousadas – sempre respeitando seus limites. A ideia de que a terceira idade deve ser sinônimo de repouso já ficou para trás. Hoje, o desejo é viver com plenitude.

Essa mudança de comportamento tem impulsionado o mercado de turismo a se adaptar: hotéis com melhor acessibilidade, roteiros pensados para o ritmo mais tranquilo e agências especializadas em grupos da terceira idade. Mas, além das tendências, é dentro das famílias que muitas dúvidas surgem, especialmente quando se viaja em grupos intergeracionais, incluindo crianças e idosos.

Abaixo, compartilho oito cuidados essenciais para viajar com idosos:

  1. Consulta médica prévia e check-up
    Antes de qualquer viagem, é fundamental consultar o médico que acompanha o idoso. Uma avaliação clínica vai apontar se ele está apto para o destino e pode até prever possíveis necessidades, como receitas atualizadas ou medicamentos extras.
  2. Organização dos medicamentos e receitas
    Leve todos os remédios de uso contínuo, além de uma lista organizada com horários e doses. Em viagens internacionais, certifique-se de que as receitas estão traduzidas e aceitas no destino.
  3. Seguro viagem é obrigatório
    Um bom seguro cobre desde emergências médicas até cancelamentos e extravios. É um custo pequeno frente aos benefícios – especialmente para idosos, que podem necessitar de atendimento especializado em outra cidade ou país.
  4. Roupas adequadas ao clima
    Prestar atenção à previsão do tempo é essencial. Isso evita desconfortos térmicos, que podem causar quedas de pressão, infecções respiratórias ou agravamento de doenças pré-existentes.
  5. Verificação de acessibilidade nas hospedagens
    Prefira hospedagens com elevadores, quartos no térreo ou sem escadas. Leia atentamente as descrições do local ou entre em contato direto com o estabelecimento para garantir o conforto.
  6. Ritmo desacelerado (slow travel)
     Evite sobrecarregar a agenda. Dois compromissos por dia (no máximo) são ideais. A terceira idade merece contemplação, tempo para descanso e autonomia.
  7. Alimentação adaptada
     Restaurantes familiares, com menus flexíveis e opções mais leves ou adaptáveis, são os mais indicados. Em alguns casos, dietas específicas devem ser seguidas com rigor.
  8. Cuidados com localização e segurança
     Tenha sempre água na bolsa, lencinhos umedecidos, lanches leves e um cartão do hotel com os dados de contato para o idoso guardar no bolso. Em aglomerações, vale até uma pulseira de identificação discreta com número de telefone.
Benefícios emocionais e cognitivos das viagens para idosos
Outro ponto importante é que as viagens na terceira idade promovem benefícios que vão além do físico. Elas contribuem diretamente para a saúde emocional do idoso, atuando como fator de proteção contra o isolamento social, um dos principais gatilhos para quadros depressivos.

O contato com novas culturas, ambientes e pessoas ajuda a evitar o sentimento de solidão, que pode evoluir para depressão. Além disso, o estímulo gerado por uma nova experiência fortalece a autoestima, amplia os vínculos afetivos e reduz a ansiedade comum nesta fase da vida.

Viajar também estimula a flexibilidade cognitiva – a capacidade do cérebro de se adaptar a novas situações – o que protege contra o declínio das funções executivas e da memória. Cada novo destino se transforma, assim, em um exercício de bem-estar emocional e mental.

Quando a viagem não é indicada?
Existem casos em que, infelizmente, viajar pode representar um risco maior do que os benefícios. Idosos com doenças descompensadas, limitações de locomoção severas ou quadros de demência em estágios avançados devem ser avaliados com cautela. Nestas situações, é importante conversar com o médico e considerar opções mais próximas de casa, como passeios curtos pela cidade ou viagens bate-volta, respeitando sempre o bem-estar da pessoa.

O mais importante é lembrar que a idade não define o desejo de viver novas experiências. Com os cuidados certos, viajar na terceira idade pode ser uma das fases mais ricas e prazerosas da vida. Planejamento, afeto e atenção fazem toda a diferença – e, quando tudo isso está presente, o resultado é uma jornada inesquecível para todos.

Texto: Priscila Gasparini Fernandes, diretora da Clínica Seu Equilíbrio, psicanalista com especialização em neuropsicologia, musicoterapia e psicopedagogia da metodologia Applied Behavior Analysis (ABA)

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