Com direção de Beatriz Barros, espetáculo metateatral propõe reflexão sobre temas como a complexidade das relações familiares, os limites, as perdas e o luto.
Na trama, em um teatro abandonado, duas atrizes recebem uma terceira artista muito famosa para ensaiar e apresentar um espetáculo. Elas lidam com muitos mistérios ao encenar a seguinte trama: ao alugar um dos quartos de sua casa para uma estranha, a vida das irmãs Helena e Lúcia começa a mudar. Uma misteriosa janela que não pode ser aberta guarda segredos acerca de uma irmã ausente, soterrada nos escombros da memória. O mar, sempre próximo, impondo a sua presença aquática através do seu barulho, parece encurralar e ameaçar Helena.
Sofia, a hóspede inesperada, não conhece limites em sua busca apaixonada por respostas. Ainda assim, sabe que algo a ameaça: sejam as águas internas, como os segredos não revelados, a violência de Helena; ou águas externas, como a fúria do mar e a chuva que alaga sonhos e esperanças. Já Lúcia, ao presenciar os embates entre a irmã mais velha e a nova convidada, precisa decidir que rumos dará ao enigma do seu desejo.
Echeverria e Barros trazem para o palco não apenas a força do texto original de Barral, mas a própria visão, incorporando elementos contemporâneos e diálogos dinâmicos que ressoam com o público atual. “A peça se destaca por criar uma atmosfera híbrida, na qual a ficção transpassa a realidade e convida os espectadores à reflexão, sobrepujando as barreiras de tempo e espaço em um exercício contínuo de metalinguagem entre o real e o ficcional, entre o fazer teatral e a realização de uma peça, entre o ensaio e a apresentação final”, comenta a diretora Beatriz Barros.
O enfoque nas relações pessoais, e também familiares, nos desafios emocionais e nas buscas individuais por identidade e sentido são traços distintivos da linha dramatúrgica seguida pelas autoras, que enchem de vida novos elementos sem se desviar da obra original de Barral. “Mar Aberto” é, portanto, uma celebração do poder da intertextualidade e da colaboração criativa no teatro contemporâneo, incluindo uma perspectiva épica, que reflete a todo momento em paralelo à narrativa de Barral sobre o fazer teatral e a profissão do ator.
A dramaturgia, desenvolvida por Giovana Eche e Beatriz Barros, foi fundamentada no uso de dispositivos como o melodrama, metalinguagem e uma investigação de diferentes recursos do teatro épico, traçando-se um paralelo entre o público e o mar. E, nessa pesquisa, uma forte referência estética foram as obras do cineasta espanhol Pedro Almodóvar.
A peça é um convite a refletir sobre temas como a complexidade das relações familiares, limites, perdas, o luto e as linhas tênues entre o que se entende por ficção e realidade. “Trata-se de enfrentar os medos e as verdades submersas, ponderando se há paz em manter certos segredos afogados na quietude ou necessidade de reconhecê-los. Dessa forma, ela se desdobra em uma conta dramática de confrontos, revelações e um olhar profundo e intrigante sobre os mistérios da memória humana e da natureza ao redor”, acrescenta Echeverria.
Serviço
Mar Aberto, baseado na obra de Claudia Barral
Temporada: Theatro Municipal – Cúpula – Praça Ramos de Azevedo, s/n – República
13 a 15 de dezembro: 13 de dezembro, às 20h/ 14 de dezembro, às 17h/ 15 de dezembro, às 17h e às 20h
Ingressos: gratuitos, com reserva em https://theatromunicipalsp.byinti.com/#/ticket/
Classificação: 16 anos
Duração: 90 minutos
SP Escola de Teatro – Praça Franklin Roosevelt, 210 – Bela Vista
17 a 22 de dezembro:
17 de dezembro, às 20h30 /18 de dezembro, às 20h30/ 19 de dezembro, às 20h30/20 de dezembro, às 20h30/21 e 22 de dezembro, às 17h e às 20h
Ingressos: gratuitos
Classificação: 16 anos
Duração: 90 minutos
Crédito foto: Gui Echeverria