Memórias afetivas têm poder terapêutico

Segundo Javier de BP Llopart, coordenador do curso de Psicologia da Faculdade Anhanguera, memória afetiva refere-se a lembranças fortemente associadas a emoções vividas durante determinadas experiências. “Essas memórias podem ser desde as recordações de eventos, como um suco ou bolo especial realizado, produção ou realização de algo especial em conjunto”.

“Elas desempenham um papel crucial na formação da identidade pessoal, na construção de um senso de continuidade ao longo da vida e no fortalecimento de relações interpessoais. Além disso, a memória afetiva pode ter um impacto positivo na saúde mental, proporcionando conforto e um senso de segurança, é frequentemente utilizada em terapias psicológicas para ajudar indivíduos a lidar com traumas e compreender suas emoções,” explica o professor.
Neste cenário, as memórias afetivas com os avós são um tesouro que vai muito além das recordações de tardes divertidas e histórias contadas. Um estudo publicado na revista Journal of Family Psychology em 2019 descobriu que netos que mantêm uma relação próxima com seus avós apresentam níveis mais baixos de ansiedade e depressão. “As histórias e experiências compartilhadas pelos avós não apenas enriquecem a vida dos netos, mas também oferecem um senso de continuidade e identidade”, explica o psicólogo.

A convivência com os avós cria um ambiente de segurança e afeto, proporcionando aos netos uma base sólida para o desenvolvimento da autoestima e da resiliência. “Os avós frequentemente atuam como figuras de apoio emocional, oferecendo um amor incondicional que é crucial para o bem-estar dos netos”, ressalta. Esse vínculo intergeracional ajuda a promover uma visão mais positiva da vida e a fortalecer a saúde mental.

Além disso, as memórias afetivas com os avós podem ter um impacto significativo na maneira como os netos lidam com desafios ao longo da vida. “As lições de vida e os conselhos passados de geração em geração ajudam os netos a desenvolverem uma maior capacidade de enfrentar adversidades, baseando-se na sabedoria acumulada de seus avós”, comenta Javier. Este tipo de aprendizagem, muitas vezes informal, é essencial para a formação de uma base sólida de valores e princípios.

Os avós também se beneficiam dessa interação. De acordo com um relatório da American Psychological Association de 2020, a convivência intergeracional contribui significativamente para o bem-estar emocional de idosos, reduzindo sentimentos de solidão e isolamento. “O relacionamento com os netos revitaliza os avós, oferecendo-lhes uma nova perspectiva de vida e um senso renovado de importância e utilidade”, observa.

Além disso, a memória afetiva tem um poder terapêutico na terceira idade. “Recordar momentos felizes passados com os netos pode ajudar os avós a manterem uma saúde mental positiva, combatendo sentimentos de solidão e isolamento que são comuns na velhice, além de auxiliar na prevenção de possível doenças degenerativas, como, por exemplo, o Alzheimer”, destaca Javier.

Crédito foto: freepik

 

 

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