Mostra apresenta conjunto inédito de pinturas de Jorge Guinle, produzidas em Nova York entre 1985 e 1986, marcando um momento decisivo na trajetória do artista
Até o dia 10 de maio, a Simões de Assis apresentará uma exposição com pinturas inéditas de Jorge Guinle (1947-1987), em São Paulo. A mostra “Infinito” apresenta um conjunto de 10 obras, sendo nove em grande formato, realizadas pelo artista durante sua temporada em Nova York, entre 1985 e 1986. Pela primeira vez reunidas e trazidas ao Brasil, essas pinturas marcam um momento singular em sua trajetória, combinando maturidade artística com a densidade emocional que permeou seus últimos anos de vida.
No período em que produziu essas telas, Guinle participou da 17ª Bienal de São Paulo e realizou exposições individuais em importantes galerias. Paralelamente, enfrentava o impacto de um diagnóstico de doenças relacionadas à aids, que levaria ao seu falecimento em 1987. As telas dessa fase nova-iorquina revelam um percurso intenso e visceral, no qual suas composições se tornam mais diluídas e translúcidas, sem perder a vibração gestual e cromática que caracterizou sua obra.
A exposição conta com texto assinado por Vanda Klabin, curadora, historiadora e amiga próxima do artista, que contextualiza a importância desse conjunto dentro da produção de Guinle. Reconhecido por sua abordagem singular dentro da pintura contemporânea brasileira, ele estabeleceu um diálogo intenso com as tendências internacionais da época, como o expressionismo abstrato e a pintura norte-americana do pós-guerra. Ao longo de sua curta, mas intensa carreira, Guinle foi um dos grandes incentivadores da revalorização da pintura nos anos 1980, sendo uma referência fundamental para a chamada Geração 80. Seu trabalho era marcado pelo gestual enérgico, pelo uso audacioso das cores e pela busca constante de uma harmonia dissonante, que se distanciava das vertentes conceituais predominantes na década anterior.
A série de pinturas realizadas no Kaufman’s Studio, em Nova York, permaneceu inédita até o momento, mesmo sendo considerada uma das mais significativas de sua carreira. As nove pinturas foram localizadas pela galeria Simões de Assis e trazidas para primeira exposição no Brasil, ao lado de outras obras produzidas entre 1985 e 1986; elas consolidam o estilo único do artista, que soube capturar tanto a energia do cenário artístico internacional quanto às especificidades do contexto brasileiro.
Jorge Guinle Filho nasceu em Nova York em 1947 e passou parte de sua vida entre o Brasil, Paris e Nova York. Autodidata, aprofundou seus estudos em pintura a partir do contato direto com grandes mestres do modernismo, como Henri Matisse, além de influências decisivas da action painting e da pop art. Sua produção, concentrada nos últimos sete anos de vida, revela um comprometimento absoluto com a pintura como experiência vital.
Com esta exposição, a Simões de Assis pretende trazer ao público obras fundamentais da arte moderna e contemporânea brasileira, promovendo a redescoberta de um dos grandes nomes da pintura do século XX.
Sobre Jorge Guinle
Jorge Guinle Filho (Nova York, EUA, 1947 – 1987) viveu entre o Rio de Janeiro e Paris durante o período de 1965 a 1977, fixando-se na cidade carioca em 1977. Nos anos seguintes, o clima de abertura política no país favoreceu as manifestações artísticas e Guinle retomou sua carreira em uma trajetória muito rápida: trabalhou por sete anos, nos quais produziu obras marcantes. Entre 1980 e 1982, realizou entrevistas para a revista Interview, de circulação nacional, com importantes artistas brasileiros, entre eles Hélio Oiticica, Rubens Gerchman, Antonio Dias, Lygia Clark, Mira Schendel e Cildo Meireles.
Sua obra integra coleções importantes como Museo de Arte Contemporáneo de Monterrey, México; Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Brasil; Coleção Gilberto Chateaubriand, Brasil; Museu Nacional de Belas Artes, Brasil; Museu de Arte Contemporânea de Niterói, Brasil; Centro Cultural Cândido Mendes, Brasil; Instituto Figueiredo Ferraz, Brasil; Coleção Roberto Marinho, Brasil; Coleção José Olympio Pereira, Brasil; Coleção Hecilda e Sérgio Fadel, Brasil; Coleção Ronaldo Cezar Coelho, Brasil; Coleção Ricardo Akagawa, Brasil; e Coleção Orandi Momesso, Brasil.
Serviço
“Infinito”, exposição individual de Jorge Guinle
Período expositivo: até o dia 10 de maio
Local: Simões de Assis | Alameda Lorena, n° 2050 – térreo – Jardins – São Paulo/SP
Horário de visitação: segunda a sexta, das 10h às 19h | sábados, das 10h às 15h
Entrada gratuita