Festas de inverno são oportunidades para idosos saí­rem do “casulo”

Festas “julinas” e até “agostinas” resgatam a tradição e promovem a convivência para quem já passou dos 60

Você é idoso ou cuida de alguém da terceira idade e quer mesmo é ficar em casa para fugir do frio? Comece a mudar o seu ponto de vista e saiba que inverno é chance para todo mundo sair, se relacionar, festejar e manter viva a tradição das festas ao pé da fogueira.
“Nós somos seres formados dentro de uma cultura. Então, é muito importante que o idoso resgate as questões culturais que envolvem a realidade dele”, inicia o psicólogo Eduardo Mendes, que é professor do curso de Psicologia da Faculdade Una Itabira, no Leste de Minas Gerais. Mendes ministra a unidade curricular em Atenção Psicossocial em Saúde, Psicologia da Educação, também na Una.
As festas juninas que atualmente já se prolongam na agenda cultural e viram “julinas” e até “agostinas” (sim, e são muitas por aí) fazem parte da nossa identidade e os idosos estão incluídos nisso. “Desde criança sempre somos incentivados a dançar nas quadrilhas e a fazer os enfeites. Então, este é um momento de encontrar com o outro, de confraternizar, de celebrar os santos ou de fazer esse grande encontro com a sociedade”, analisa.
No inverno, principalmente os idosos, tendem a ficar mais “no casulo”, “na toca”. Neste sentido, a falta de convivência social pode ser prejudicial. Porém, há ainda aqueles idosos que mostram resistência para sair de casa por motivos muito particulares: acham que estes festejos são “coisa de criança” ou que “estão velhos para isso”.
Mas, há caminhos para vencer estes bloqueios e quem convive com o idoso pode fazer a diferença. “Isso acontece quando a autonomia de vida dos idosos é tirada antes do tempo”, alerta o professor. Portanto, neste ponto, entram a família e os amigos que precisam trazer ao idoso essas possibilidades dos reencontros.
Lembre ao idoso que, na festa, ele pode encontrar com aqueles que lhe são queridos. E, considere também: “muito mais do que ir à uma festa, o idoso precisa se sentir bem ao encontrar o ciclano ou o fulano, ao encontrar aquele amigo que não vê há muito tempo e por sentir vivo, ao se identificar com a situação da festa”.
Boas oportunidades
Às vezes, o responsável pelo idoso fica com receio de levá-lo para eventos deste tipo. Seja por “dar trabalho” no deslocamento; às vezes, porque a festa é à noite e compromete o sono; ou o idoso precisa ir ao banheiro muitas vezes, entre outras questões. Mas, segundo o professor da Una Itabira, nada disso deve servir de desculpa para quem tem condições de proporcionar alguns momentos de lazer a eles.
“A superproteção não é tão benéfica assim. Quando a gente põe essas pessoas dentro de uma redoma, nada dá certo. A gente precisa proteger as pessoas, os nossos familiares, mas, temos que ficar atentos se esta proteção está impedindo as pessoas de se relacionarem com o outros. Vamos lembrar do período da pandemia, de como foi difícil para os idosos que não queriam ficar dentro de casa. Eles são pessoas que gostam de se relacionar e de viver livres”, argumenta Eduardo Mendes.
O psicólogo explica que a nossa sociedade vê a utilidade das pessoas na medida em que elas são capazes de “produzir algo”. E quando chega um momento da nossa vida em que não conseguimos mais dar esse retorno, algumas pessoas podem se sentir inúteis. Mendes defende que é importante que crianças, jovens e idosos passem a compreender que a vida pode ser vivida plenamente e de diversas maneiras, seja no relacionamento com o outro, com os amigos, com a família. “É importante que a gente nunca tire dos idosos estas novas vidas e oportunidades tão necessárias”, frisa
Dicas para o conforto dos idosos os festejos de inverno
– Não deixe a pessoa quieta, em um lugar só na festa. Circule com ela dentro do que ela possa se movimentar.

– Escolhas festas nos horários em que o idoso está mais ativo. Por exemplo: para aqueles que dormem muito cedo, o ideal são festas na parte da manhã ou da tarde.

– Antes de ir ao evento, procure informações sobre o acesso mais facilitado aos banheiros e aos bebedouros.

– Deixe a pessoa ficar na festa o tempo que se sentir confortável, ainda que seja um período menor ou maior do que você esperava.

– Faça opção por festas em locais com rampas de acessibilidade e demais adaptações inclusivas.

– Convoque uma rede de apoio para o evento: motoristas de confiança e com veículos adaptados para o deslocamento; e pessoas que tenham sincero carinho com o idoso para revezar nas atenções durante a festa.

– Nunca deixe que estes cuidados específicos que alguns idosos demandam sejam impedimentos para que os passeios aconteçam. Saúde mental para o idoso e para quem o acompanha é construída nestes momentos de leveza.

Crédito foto: Pixabay.com

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