Casa do Benin, Igreja do Rosário dos Pretos e Casa de Maria Felipa: conheça alguns roteiros para viver uma Salvador afro

Já coroada Rainha do Bloco Malê Debalê e Deusa do Ébano do Ilê Aiyê, Cynthia Paixão destaca a importância de conhecer e preservar a história e ancestralidade da capital baiana

Além das temperaturas elevadas que pedem uma boa praia, o verão de Salvador também atrai turistas que desejam conhecer o lado ancestral da cidade e sua herança afrodescendente. Assim, a estação também é uma ótima pedida para quem quer aproveitar a historicidade e a estética de Salvador em roteiros de afro-turismo.

Cidade mais negra fora da África, Salvador oferece uma vasta gama de roteiros afro, passando por monumentos como o em homenagem a Maria Felipa, heroína da Independência do Brasil na Bahia e até bairros como o Pelourinho, que guarda grande ancestralidade e uma rica história da capital baiana.

Além dos lugares históricos, Salvador também tem lojas especializadas na cultura negra opções para conhecer, caso da Afrocentrados Conceito, no shopping Bela Vista e com franquia na loja Botica Rhol, Pelourinho, uma iniciativa colaborativa que conta com mais de 100 empreendedores negros e busca fortalecer a comunidade negra soteropolitana. “Na Afrocentrados, nós temos um olhar voltado para a comunidade negra, tanto em relação ao fortalecimento e empoderamento, quanto na preservação da nossa cultura com a produção de produtos de moda, arte, decoração, dentre outros, que mantenham uma ligação com a ancestralidade”, destaca Cynthia Paixão, empreendedora e fundadora da Afrocentrados.

Entre os roteiros afro recomendados, um que guarda muita historicidade e é uma opção interessante para conhecer a estética do Centro Histórico de Salvador, declarado um Patrimônio Mundial pela UNESCO, é sair da Casa do Benin, museu localizado no Pelourinho com grande acervo cultural e artístico afro-brasileiro, em direção a Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, construída no século XVIII e que foi um espaço de devoção para a população negra ao longo da história. No Centro Histórico, outro ponto é a Sociedade Protetora dos Desvalidos, uma organização civil fundada no século XIX para ajudar a comunidade a adquirir sua liberdade e cujo prédio continua aberto para visitação.

Rainha do Bloco Malê Debalê e Deusa do Ébano do Ilê Aiyê, Cynthia Paixão reforça a viva história de Salvador e a importância de preservar espaços e uma cultura carregada de ancestralidade. “Salvador é uma cidade que pulsa ancestralidade e cultura negra, a cidade mais negra do mundo fora da África. Então, precisamos preservar os pontos turísticos culturais, pois assim estaremos mantendo viva a própria história do povo negro, uma história de muita luta em busca da liberdade, mas também de celebração da nossa identidade”, explica.

Outro roteiro para conhecer mais a capital baiana é partir do Monumento Maria Felipa, passando pela Praça Nelson Mandela, Feira do Japão, antiga sede do Movimento Negro Unificado, Casa de Maria Felipa, Terreiro Hunkpame Savalu Vodun Zo Kwe, Salão de Geruza Menezes, Terreiro Ilê Jitolu, bloco Ilê Aiyê e finalizando no Ajeum da Diáspora, em uma experiência que mistura cultura, arte, religiosidade, história e gastronomia.

Salvador ainda oferece aos baianos e turistas outros pontos de visitação importantes como o Elevador Lacerda, um cartão postal da cidade, o Memorial das Baianas de Acarajé e o Instituto Kimundo, que busca preservar a cultura africana e os valores étnicos da comunidade.

Essas opções oferecem a chance de conhecer a cidade mais a fundo, em sua história de luta e superação, para além dos cenários paradisíacos das praias. Uma oportunidade de ter contato com uma estética arquitetônica presente desde o Brasil Colônia e ainda viva, além de entender mais sobre a cultura afro, tão presente no dia a dia dos baianos, um diferencial em relação a outros locais do país.

 

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