Quando a dor no joelho avisa que o tempo vai esfriar

Parece lenda, mas quem não conhece alguém que sabe que vai chover ou que o tempo vai virar porque alguma dor no corpo aumentou? Médico especialista em dores crônicas explica o que acontece e dá dicas para quem sofre mais com dores no inverno

Pessoas que têm dores crônicas – aquelas dores que persistem -, sofrem mais com elas nos períodos frios. O Dr. André Mansano, especialista no tratamento desse tipo de dor e pós-doutor pela Faculdade de Medicina da USP, informa que um número alto, entre 60% e 90%, dos pacientes com esta queixa relatam piora durante o inverno. “Até mesmo na internet aumenta as buscas por termos como dores e rigidez nas articulações”, observa o médico.

Para quem conhece alguém que consegue “fazer a previsão do tempo” observando o aumento das dores, o Dr. André explica o que há por trás do fenômeno: “Há pacientes que acreditam prever mudanças climáticas pela alteração do padrão de suas dores. Mas, nem tudo é culpa da queda da temperatura em si, as alterações da umidade do ar e da pressão atmosférica no inverno também desempenham um papel nessa piora”.

 

Os motivos que ele aponta são diversos. Um deles é a diminuição da viscosidade do líquido sinovial (o lubrificante que fica dentro das articulações) “Isso, por si só, já tem o poder de aumentar a rigidez e as dores, principalmente de quem sofre com artrose ou artrite”, aponta o especialista.

Outro ponto importante, segundo ele, é que os tecidos do corpo sofrem uma espécie de encurtamento (contração) com a queda da temperatura. “Isso pode ocorrer com os vasos sanguíneos, em especial os mais superficiais, causando uma diminuição do fluxo de sangue para músculos, por exemplo, facilitando o acúmulo de substâncias inflamatórias nessa região, piorando as dores”, detalha.

Em sua experiência, o médico observa que condições como, dores de cabeça, artroses, artrite reumatoide ou outros reumatismos, gota, dores neuropáticas (ex. Neuralgia do trigêmeo, neuropatia diabética), dores generalizadas (ex. Fibromialgia), dores cervicais e lombares são as mais propensas a se intensificarem no tempo frio.

Diante disso, o Dr. André aconselha sobre como minimizar esses efeitos do inverno:

Continue com as atividades físicas: “Muitas pessoas diminuem a quantidade de atividades físicas praticadas nessa época do ano, mas elas são fundamentais para o controle de diversos quadros dolorosos”.

Mantenha o corpo aquecido: “Caso more em cidades com temperaturas muito baixas, não se esqueça da possibilidade de luvas, cachecóis e roupas térmicas”.

Deixe seus locais com bom aquecimento: “Ar-condicionado ou aquecedores elétricos podem ajudar, mas jamais utilize aquela prática antiga de acender um recipiente com álcool dentro de casa”.

Cuide da hidratação: “É comum beber menos líquido no frio, o que pode piorar dores. “Já que estamos no inverno, por que não abusar de bebidas quentes e aconchegantes como um chá?

Siga com os tratamentos: “Faça conforme as orientações do(a) médico(a) que conhece seu caso e mantenha a equipe médica informada em caso de piora das dores, para eventuais ajustes de doses.

Sobre Dr. André Marques MansanoMD, Ph.D, FIPP, CIPS; área de Atuação em Dor – AMB Hospital Israelita Albert Einstein – SP

 

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